A Chama secreta de Trompete

Publicado em: O Globo

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Show / crítica
MUM SOPRO DE BRASIL
A Chama Secreta de Trompete

Quando um músico é identificado pelo nome de seu instrumento é porque a integração tal que já não cabe outro codinome. Os exemplos são muitos: Serginho Trombone, Edu da Gaita, Chico Batera, Paulinho Guitarra.

Outro é Paulo de Oliveira, o Paulinho Trompete, cujas andanças pelo mundo o colocaram no mesmo palco com Idriss Sulieman, Kenny Drew, a banda de James Brown.

Paulinho e seu conjunto estão no Gula Bar, até amanhã, completando sua segunda semana no spot do Leblon. O trompetista e sua banda, formada por Widor Santiago (sax-tenor), Jorjão Barreto (teclados), Jorge Helder (baixo), Rubinho (bateria) e Leo Leobons (percussão) soam integrados, com boa escolha dos temas e arranjos funcionais que indicam a organização do sexteto. Há uma espécie de chama secreta que estimula os músicos, tornando a música mais dinâmica e entusiástica. Eles conseguiram revitalizar “Caravan” — composição pra lá de batida — modificando a linha melódica.

Todos contribuem para o sucesso da música: a stamina de Santiago, os solos articulados de Barreto, e a base rítmica animada, às vezes até um pouco além da conta. Mas as improvisações de Paulinho dão a medida exata do músico maduro, de ataque preciso, sonoridade limpa, fraseado fluente, utilizando inteligentemente os recursos da dinámica. Ele criou um clima de sensibilidade e emoção em “Dindi”, embelezando a melodia através
de pequenas inflexões. “Red
clay” foi o reverso da medalha:
dinamite pura, sempre mantendo absoluto domínio da massa sonora do instrumento.

Um show altamente recomendável. Não é todo dia que ouvimos um músico do nível de Paulinho Trompete.

José Domingos Raffaelli

 

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