Em 1991 ouvi o disco “Paulinho Guitarra” (Niterói Discos), sendo uma agradável surpresa constatar o talento daquele jovem promissor que demonstrava reunir todos os requisitos para afirmar-se como um dos maiores guitarristas do país. O tempo só fez confirmar minha previsão. Além do seu talento como instrumentista, também indicava ser um compositor de futuro. Suas composições refletiam seu bom gosto, sua personalidade, criatividade e inata percepção do material musical temático como arranjador de mão cheia. Paulinho tocou com a Banda Black Rio, Tim Maia, Cassiano, Cazuza e outros, que contribuíram para pavimentar seu caminho na música. “The Very, Very Cool Band”, seu segundo CD, e “Trans Space”, o terceiro, guindaram-no à posição de destaque que alcançou com destaque.
Nas notas do encarte o jornalista e crítico musical Antonio Carlos Miguel afirma apropriadamente que “ROMANTIC LOVERS soa como um filme de uma viagem pelo universo sonoro”. As 12 músicas do repertório são composições e arranjos de Paulinho, exceto “Ela é alucicrazy”, uma parceria dele com Augusto Feres.
A música-título é uma melodia exposta com contrapontos de guitarra e vibrafone. “Bed Company” é interpretada com solo de vibrafone. “Blues for Yal”, levada no clima do grupo Cream, homenageia o convidado Otavio Rocha, guitarrista do Blues Etílico que está presente na gravação.
O título “Alô Doçura”, nome de um famoso programa de TV dos anos 60, é um rock no clima dos grupos Crosby, Stills E Nash/ Rolling Stones, com solo do guitarrista dos Ventures! “Os sintônicos” revive os sons do clássico “Bitches Brew”, de Miles Davis. “Baby Doll”, um blues com contraponto entre guitarra e vibrafone, considerado por Paulinho “um tema de amor”.
“Tum De Tum De…” é a segunda parte do samba “Sambatuta”, de Paulinho. “One for Chicchi”, dedicado a uma jovem guitarrista japonesa, fã dos The Ventures, assim como Paulinho. O medley “Boa Noite Cinderela/Acorda Amorzinho”, encerra o CD “reconstituindo musicalmente uma aventura mal sucedida numa noite confusa”.
Paulinho Guitarra declara no encarte que “este é um disco com poucos e curtos solos, um disco instrumental não virtuosístico, bem simples e com músicas fáceis de cantar e curtas durações. Não é um disco apenas para os músicos curtirem, mas (e mais) para todos. Minha intenção é mostrar mais as idéias do que a própria realização delas. É um disco, como diz o título, feito em homenagem à minha amada mulher.
José Domingos Raffaelli